sexta-feira, 21 de agosto de 2015

O exibido-rejeitado e o cafajeste

Eros é filho da Penúria com a Astúcia. O apaixonado quer o amor da sua eleita, e para isto, ele mostrará coisas para ela. Tem horas em que a mulher recebe estas coisas de bom grado, afagando o eu do apaixonado. Esse afago pode se dar por meio de um carinho físico. O eu é corporal.

Tem horas em que a mulher ignora as coisas que o apaixonado lhe mostra. Ele tenta mais um pouco, a fim de que a mulher o receba. Por fim, ele para de tentar. Nesta hora, a mulher olha e sorri para ele. O beija. Isso reaviva nele a promessa de ser aceito pela sua eleita.

Estas coisas que o homem exibe são elementos do eu (o trabalho, a profissão, o poder aquisitivo, a família, a biografia e as ideias que possui), e elementos que parecem ser de outro eu (a ousadia de faltar ao trabalho, de mudar dele, a liberalidade financeira, a capacidade de se afastar da própria família e amigos, de mudar de ideia e de características).

Algumas apresentações de elementos deste último tipo são atos inconscientes, pois passam ao largo da decisão do eu consciente. Mas, também, o próprio eu consciente pode incorporar, no exibir-se, elementos que ele considera diferentes dele mesmo, por achar que isto aumenta a sua atratividade, o seu charme.

Na passagem do casal para a situação de pós-paixão, o homem para de tentar a todo momento atrair a atenção da mulher. Isto ocorre porque ele sabe que o que oferece à mulher só ocasionalmente será aceito por ela. O homem é frustrado no seu investimento, e se retrai. Ele passa a simplesmente agir, às vezes dirigindo algo à mulher, sem que esteja intencionando atraí-la.

A mulher, em alguns momentos, por desejo, que é desejo pelo desejo do homem, chama-o para o sexo. Após este sexo, há homens que retomam aquela exibição, para a mulher, do eu e do outro eu deles, visando prolongar o interesse dela (sentem-se à vontade para falar do trabalho ou para contar piadas ridículas). E há os que viram para o lado e dormem. Estes são mais astuciosos que os primeiros, ao ministrar a dose de amor para suas amadas. Elas logo sentirão falta.

Já o exibido precisa aprender a não tomar como rejeição as recusas da mulher, e começar a também virar de lado.

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