quarta-feira, 25 de fevereiro de 2015

Os inimigos de Charlie


Não houve quem defendesse o atentado, com doze mortos, dos radicais islamicos à redação do jornal francês Charlie Hebdo. Não houve quem o fizesse abertamente. Na internet, ouvi dizerem que o jornal errou ao publicar charges fazendo piada com Maomé. Repito que não chegaram a dizer que o atentado era justificável, mas o “mas” nas opiniões de algumas pessoas, como mostrou meu amigo Vitor Lima, em seu texto (http://lima-vitor.blogspot.com.br/2015/01/a-suspeita-de-skylab_33.html?m=1) tentou inserir uma razoabilidade no que era pura barbárie. Esse “mas” procurava dar certa justificativa para o assassinato. Nos países ocidentais, faz-se piada com Deus. E nenhum grupo terrorista mata por ele.

Entre nós, há quem se diga ateu. Há militantes feministas. Parte da população, particularmente a jovem e ligada à universidade, parece se incomodar com tudo o que cheira a tradição. Reclamam da “opressão” que sofrem dos professores. Se no Iluminismo ao homem foi proposto guiar-se pela própria razão, esses militantes, ao contrário, agrupam-se em torno das mesmas ideias , e que sempre dão a mesma resposta para tudo. Deus e a Igreja tornaram-se um mal absoluto. O que sofrem os palestinos no conflito com Israel faz com que, aqui, defendam o Hamaz, um grupo que ataca Israel e usa seu próprio povo como escudo. Eles são os oprimidos absolutos. Maomé é a sua marca, e que ninguem ouse fazer piada dele.

Passamos muito tempo com escravidão negra. As marcas da opressão racial ainda não se diluiram, entre nós. Não nos passa pela cabeça fazer piada com deuses africanos, ou com Zumbi. Isto seria enfraquecer um lado que ainda é fraco, em nossa sociedade: o dos negros. Mas como reagiríamos se um grupo de humoristas fosse morto por um grupo do movimento negro, que se sentiu ofendido por uma piada? Reprovaríamos veementeme. Isso nos assustaria. Nosso oprimido nunca foi terrorista. Alguns militantes da causa negra o vêem como tão, mas tão oprimido que nem o imagina fazendo terrorismo. Ele deve ser protegido, pois são os mais mortos pela policia, os mais presos, os mais pobres e comuns entre os pobres. Mas não gostamos da ideia de censurar uma piada que os tenha como alvo, quando trata-se de humor, e não de ataque.

Em uma democracia liberal, a opinião é um direito que ninguém quer perder. O grupo que atacou Charlie Hebdo desconhece o direito à opiniao, importantissmo para o modo de vida ocidental. Cabe a nós o mostrarmos para paises sem demcoracia. Entre nós, os que não conseguem estudar, conversar, pensar e dizer coisas novas, quer diminuir o direito de expressão de todos, inclusive deles mesmos.

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