quinta-feira, 22 de maio de 2014

Festa punk

Voltava eu de um festivalzinho de hardcore, na Lapa, quando vi uma banda tocando em uma tendinha em frente aos arcos. Reconheci o Sex Noise. Esse clip rolava direto na MTV: http://m.youtube.com/?gl=BR&hl=pt#/watch?v=UlMzVHjMuzw . É punk. Eu tinha dezesseis. Uns doze caras dançavam, sob a chuva. Também cantavam. Mesmo que nunca tenham ouvido a Sex, dava pra pegar os refrões na hora. O punk e o funk são músicas bem fáceis de pegar na hora e cantar. E o pessoal que está passando se junta e se diverte. O punk passa umas mensagens políticas. O hardcore, também, mas, por ser mais agressivo (mais rápido e pesado), fica difícil entender na hora, além de não reunir tanto. O punk sempre foi debochado, ainda que falasse de coisas vividas por todos: ônibus lotado, corrupção na política, etc. Transmitia uma experiência comum, não uma visão particular de um partido, posicionamento político ou com uso exagerado e burro de um filósofo ou sociólogo. O punk começou como crítica, e não tinha bandeira, e seu anarquismo era oposicionista, negativo, não propositivo. Eu prefiro o riso à seriedade mal elaborada ou repetitiva, pois esta fica insensível e pouco imaginativa, não inteligente. A política na arte está nas metáforas, nas emoções e no corpo. O funk e o punk (também o cinema de terror e sci fi) fazem mais pelo erotismo, pelos nossos problemas existenciais e da pólis do que muito papo sério, aí. Evitam discursos prontos, emocionam e põem-nos para mexer o corpo e cantar. Fazem-nos olhar, como da primeira vez, para problemas e questões. A partir daí é que começa-se a conversar, a ler e a pensar sobre eles, e se sai da repetição de falas.

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