quinta-feira, 22 de maio de 2014

Olha quem está ba-ban-do!

Aí, bicho! Carlos Evanney é Roberto Carlos (http://m.extra.globo.com/noticias/cover-de-roberto-carlos-tambem-faz-seu-cruzeiro-com-cerveja-churrasco-na-baia-de-guanabara-6981865.html). Canta para seus súditos, a bordo do cruzeiro Mozart, que singra pela Baía da Guanabara. Com eles come churrasco, aceita propostas de casamento. O Rei, mesmo, ficava naquela lenga lenga com sua Maria Rita. Aos nossos pobres foi prometido reconhecimento e conforto. Eles nunca acreditaram. Em suas mãos, músicas estrangeiras viraram versões de forró. Batidas dance, tamborizadas, no funk. O samba ficou muito espetáculo, criou-se o pagode. Eles são seus próprios artistas. Não importa que a tv demore a mostrá-los. À classe média, sim, prometeu-se ser imagem. Só que as coisas do pobre sempre vêm e seduzem, pegam todos pelo corpo. Caetano não é um grande pensador contemporãneo, ensinado na faculdade. Todo mundo curte o popular, mas sente um pontada de inveja. Rodrigo Constantino (http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/cultura/um-post-scriptum-na-carta-para-leticia-spiller/) diz que uma artista loira é que tem o sucesso invejado por quem nunca apareceu às massas. Esse é um aproveitamento que ele faz de uma outra ideia, também dele, de que o pobre inveja e joga culpa no rico. Mas não é isso o que acontece: o pobre sempre arrumou um jeito de fazer seu churrasco e pagode. De ter produtos da moda, vindos da China. Um produto original seria visto como falsificado, em seus ombros. Então, como não faz diferença, nas suas mãos o falsificado vira o original. Já vi usarem tênis Naipe! Falsificadamente original. O rico perdeu o charme. É o novo exagerado, brega, nas novelas. E compra na mesma loja do que o ex-pobre. Foge, mas onde há perfume e vinho francês, Disneylândia e Buenos Aires, lá chegarão todos, qualquer um. Pondé (http://www1.folha.uol.com.br/colunas/luizfelipeponde/2014/04/1446184-beleza-roubada.shtml) falou sobre um livro que conta o quão mais bem pagos são os profissionais bonitos, nos EUA. Segundo ele, o mercado é uma ferida narcísica para o feio, que se soma à infelicidade da sua pobreza. Hoje estive num supermercado. A caixa que me atendeu a toda hora parava para mexer no seu whatsapp. No plano de fundo, uma foto dela de cabelos soltos e batom rosa fazendo biquinho. Ali, os cabelos estavam presos, mas os brincões de novela estavam presentes. A promoção de queijo brie e de vinho, o cheiro de salário chegando e a ostentação da caixa deixaram muito neguinho na fila babando.

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