sábado, 1 de junho de 2013

Choro de filho preterido


 
    Recentemente passou na Rede TV um casamento entre um homem e uma mulher. O apresentador fez estardalhaço, dizendo que tal coisa, que é tão normal, há muito tempo a TV não mostra. Temos falando muito em heterossexuais. Não me lembro de outro momento em que se falou e se preocupou tanto com isso. Qual a razão?
 
    Pessoas que se reconhecem como gays têm pleiteado direitos. Ser um indivíduo em uma democracia liberal, o nosso regime de governo, significa poder ter opiniões, necessidades e demandas próprias. É assim que se aparece e consegue coisas, politicamente. Nosso liberalismo dedica atenção especial a grupos identificados por uma característica comum, quando a esta caracteristica colam-se certas reações sociais de hostitlidade e agressividade, levando a uma perda de direitos. Serve para corrigir práticas de exclusão ou violência contra um indivíduo por sua identificação racial ou sexual. Desta forma, as minorias têm aparecido, têm recebido atenção nos debates públicos e tornaram-se agenda política.
 
    Os que se levantam contra o direito de casamento civil e contra a lei anti-homofobia, leis que vêm atender os que se identificam com o estilo de vida ou características e práticas gays, não estão preocupados, na verdade, com a "defesa da família", nem com a liberdade de expressão. Estão, na verdade, ressentidos por não serem indivíduos de destaque. A mídia mostra certa opinião comum da sociedade. O governo é sensível a ela. Há quem passe a vida, contudo, reclamando deles. "A mídia manipula e o governo é corrupto." Não possuem a cultura que gostariam, ou os salários que considerem a que façam jus. Mas, ao invés de buscarem mudar essa condição, fazendo bem uma boa faculdade, com ou sem apoio externo, ou buscando politicamente, em associações de classe e apoios de representantes públicos, melhores condições de vida ou trabalho, queixam-se de quem recebe atenção e têm conseguido justiça. E defendem falsamente a liberdade de expressão, pois, se sua opinião fere a liberdade dos outros, dando força às práticas de ódio contra eles, o que querem não é um "direito de expressão", mas de ferir o direito do outro.
 
    Dizer que se é contra gays, e que se tem o direito de dizer isso, precisa realmente ser proibido, em nome exatamente da liberdade de expressão e de outras liberdades. Não posso ter o direito de dizer que sou contra os gays, pelas consequencias a que este discurso leva. Sem falar que isso é algo esquisito, uma preocupação infeliz com a alegria do outro. O que tenho a ver com o fato de o outro ser gay? Será que penso tanto assim na minha família, e na sociedade? Ou será que, com mais pessoas aparecendo fazendo o que gostam, e com direitos, fica ainda mais feio ser ressentido, infeliz e invejoso?

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