segunda-feira, 31 de março de 2014

Nossos algozes

A maior parte dos casos de estupro contra a mulher são de autoria de pessoas com quem a mulher já tem alguma relação. Muitas vezes são parceiros amorosos. O estupro não é o sexo com o objetivo do prazer. É uma violência, um ato para subjugar a mulher. Confunde-se bastante sexo com violência. Mas também se elogia o sexo com pegada. Mulheres nuas na tv, revistas, e homens cantando (de forma não grosseira e babaca) mulheres na rua, não têm nada a ver com os problemas da mulher, que são salariais, de obtenção de alguns lugares sociais e de sofrerem violência. Esses problemas precisam ser resolvidos. Agora, confundir sexo com violência e, então, com estupro, só moraliza o sexo edeixa mulheres e homens infelizes. E homens infelizes, e com uma história individual de repressão sexual, podem fazer o que? Estuprar! Porque uma mulher com pouca roupa aparece dizendo que não merece ser estuprada? Os países em que mais ocorre violência contra a mulher são aqueles de estratificação social mais rígida, e, em alguns deles, as mulheres mais escondem do que mostram o corpo. Então há uma associação nossa da nudez à devassidão moral e, no limite, ao desejo de ser punido. Não pescamos uma boa ideia deixada pela Marcha das Vadias: mulher pode ser vadia, ou seja, divertir-se como ela quiser, sem moralização de ninguém (nem dela com ela mesma).

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