terça-feira, 8 de abril de 2014
A mosca e eu
Deixei o pote de doce de leite, vazio, sobre a mesa. Também permaneci, sentado, vendo vídeos no celular. Uma mosca veio rodeando e pousou na boca do pote. Agucei o olhar para encontrar a tromba dela. As moscas alimentam-se por uma espécie de tromba. A desta mosca era enorme. Ela sugou um pingo mínimo de doce, que em pouco tempo desapareceu. Seres mínimos realmente consomem as coisas, não é só a gente. Antes de a mosca terminar o pingo, porém, num movimento brusco, assustei-a. Foi sem querer. Ela voltou, rodeando e decidida. Foi sugando. Eu era apenas um observador. O homem é apenas um observador para o que é muito grande ou muito pequeno em relação a ele. Ele deve fazer o que pode para não destruí-los para que, enfim, possa continuar tendo o máximo e o mínimo para observar. O máximo mostra ao homem que há uma força além da dele. O mínimo, que a força dele tem que ter limites. O máximo, o mínimo e eu: Essas medidas passam diante dos nossos olhos. Pouco reparamos nessas medidas. Qual o meu tamanho? Qual o tamanho do pote e do pinguinho, para a mosca? Os milhares de olhinhos, arrumados nos três olhões dela, enxergam isso?
Uma mosca pode pousar num pote de doce de leite que você não quer mais. Não pode?
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