sábado, 5 de abril de 2014

Dores mal entendidas

Indignar-se com a miséria; sentir medo de ser assaltado na rua: como usar a própria experiência para pensar nas coisas que acontecem, de forma melhor e mais ampla? Como não atolar em si mesmo? Constantino diz que puseram-lhe uma arma na cabeça. Para ele, quem comete crime não merece ser olhado como um não cidadão e um ser fadado a morrer jovem. Não o vi dizer, mas a expressão "pena de morte' cabe bem em sua boca. E a defesa que ele faz da propriedade privada revela-se não liberal, mas fóbica e anti-liberal. Não deve existir esperança de algo melhor para todos. Os sonhos terminam na "prisão do bandido". Por outro lado, há os que vêem como solução para o mendigo a retirada geral da liberdade de troca comercial e de ter propriedade. E que o Estado seja dono das empresas, das nossas ocupações e consumos. E da nossa voz, pois no totalitarismo, quem tem outra coisa pra falar? "O capitalismo não tem jeito, nele o governo favorece a exploração", então, que todos vivamos num inferno cubano. Que implante-se a utopia na marra. A direita ruim quer a eliminação dos pobres, não a resolução da pobreza. A esquerda ruim, o igualamento de todos num nível próximo do miserável, pois consumir é feio. De ambos os lados, falta de ponderação sobre o que vivem e afundamento em mágoas pessoais. Não há qualquer chance para o entendimento de nada, dos conceitos que usam à dor do outro. Da própria dor vêm, na própria dor ficam, os militantes de cá e de lá. http://veja.abril.com.br/blog/rodrigo-constantino/cultura/um-post-scriptum-na-carta-para-leticia-spiller/

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