segunda-feira, 13 de março de 2017

Jovem adulto




Entre crianças de 5 anos, um adulto brinca. Corre, é o Lobo Mau, o monstro. Foge do Lobo Mau, do monstro. Senta e é pintado. Pinta de volta. Algumas crianças vêm e dão-lhe tapas.

Entre jovens de 15,16, um adulto conta piadas no intervalo do estudo. Suas tiradas engraçadas fazem a maioria rir. Alguns jovens o excluem do grupo de bate-papo, da turma.

Nas duas situações o adulto está fazendo algo que foi recentemente superado pelos indivíduos do grupo. Ou melhor, o que eles querem deixar para trás. Incomoda quando há alguma perturbação desse amadurecimento, dessa mudança de comportamento, desse aprendizado de certo autocontrole.

Crianças não riem de piadas: são coisa se "adulto maluco". Elas gostam do adulto que corre e cai no chão, pois isto elas já deixaram bem para trás, e virou brincadeira.

Que o colega excepcional se apresente mais infantil, vá lá. Mas o adulto deveria ser o exemplo de obediência ao Totem, e por isso mesmo mostrar as recompensas das renúncias que todos têm que fazer. Isso falando com Freud.

Falando com Sloterdijk, o sorriso de cada um, assim como todo rosto, é desenvolvido com uma mãe. Ali na escola, o que cada um tem para dar é o desempenho após bastante exercício. O clima é de certa apreensão. Nos intervalos eles se divertem, dão e recebem sorrisos, e excedem-se em movimentos corporais e palavras. O adulto entra como parceiro, mas enquanto contraponto, pólo avançado que deve puxá-los para o exercício.

Todo adulto, só por sua presença, já intimida o jovem. É implacável o destino daquele que só oferece graça, e não o desafio que o jovem quer.

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