sábado, 11 de outubro de 2014

A ideologia perde para o ethos

O PSOL teve a maior votação da sua história. Ele sente que pode crescer mais e, um dia, ter um presidente eleito. O partido está entendendo, a meu ver, que seus votos vieram não só de gente que rejeita o Aécio, como de quem rejeita a Dilma. Por isso, Luciana Genro declarou a neutralidade do partido em relação a Dilma X Aécio. O PSOL está se vendo como uma força crescente (e é mesmo) e independente (o que é ingênuo). A notícia de neutralidade de Luciana incomodou muito os eleitores de Dilma, que esperavam, numa disputa como a que temos agora, o voto dela em Dilma, para evitar o retrocesso que é o Aécio.

Temos uma mentalidade de que, diante de uma ameaça, devemos nos unir até mesmo a quem pensa diferente, embora tenha o mesmo inimigo que nós. O dito "o inimigo do meu inimigo é meu amigo" expressa isso. Luciana pensou estrategicamente, quendo conquistar o eleitor insatisfeito com "tudo o que está aí", mas decepcionou muitos ao não reforçar a defesa do governo contra a oposição. A opção dela e do PSOL pela neutralidade decorre do modo de pensar que eles representam, o de que há um "sistema corrupto e viciado que engloba governo e oposição, os iguala, e que deve ser eliminado". Muitos eleitores dela pensam da mesma forma. Mas não vão tão longe quanto ela na manutenção desta ideia. Ela fincou pé nessa posição, a posição do "PSOL, que é diferente de TUDO", e mostra a visão estreita da ideologia (de toda ideologia) pela qual foi aplaudida e recebeu votos, no primeiro turno. A ideologia afastou Luciana do nosso ethos, expresso naquela frase. Ela virou um e.t., alguém do fanatismo de um... gaúcho!

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