quinta-feira, 8 de outubro de 2015

Uma conversa sobre a transferência e a filosofia do amor


Freud nomeou de transferência negativa a tomada da figura do analista pelo paciente, como personagem das fantasias deste. Estas fantasias dizem respeito a representações inconscientes, e o paciente não quer se dar conta delas. O que o paciente quer é “dar corpo”, atuar a fantasia. No diálogo platônico O Banquete, Aristófanes diz que a concentração do amado na busca pelo prazer corporal, junto do amante, negligenciando o conhecimento e o cuidado da alma deste, é obra de um Eros vulgar.

Para se atingir o conhecimento do que é, o amor aos rapazes deve ser o primeiro degrau na escada de Diotima, professora de Sócrates na arte de amar: é uma escada que leva à admiração do Belo, e ao seu conhecimento, junto ao conhecimento das outras qualidades divinas (Sabedoria, Bem e Justiça). Na escada de Diotima, o primeiro degrau é o amor à beleza, e ela leva ao amor pelo saber, filosofia.

Na clínica psicanalítica, o manejo da transferência objetiva que o amor ao analista, que acompanha a suposição do paciente de que o analista tem um saber sobre o que causa o seu mal-estar, passe a ser amor à análise, ignorância quanto a si mesmo e busca por saber mais sobre isso.

Freud começou suas pesquisas sobre histeria e hipnose perto do ano em que Nietzsche adoeceu e parou de escrever. Na filosofia, o cogito cartesiano era o fundamento da verdade . Vigorava, também, o platonismo, em que se apostava na Verdade situada não no mundo sensível, mas alhures. Nietzsche ainda não havia destruído o que Heidegger chamou de “metafísica da subjetividade” .

O eu se definia pelo trabalho metódico da sua própria consciência, conhecedora das leis do mundo, e também voltada para si mesma. “Assim, o eu penso e o eu sou se uniam à luz da evidência. A representação fundava o próprio ser do homem.” (WINOGRAD, p. 34). Em Kant, esse eu sou adquire determinação : o sujeito transcendental cria juízos sobre o mundo externo e separado dele, tendo, em seu interior, uma percepção de tempo, que aplica a si mesmo.

O eu uno e idêntico a si mesmo, e competente para representar o mundo e a si, não poderia servir a um médico que estava diante de uma crise histérica, corajosamente esperando dar fim àqueles sintomas e, quiçá, entendê-los. O fenômeno histérico, composto de sintomas físicos e delírio amoroso, escapava totalmente da vontade e da razão do eu do paciente . Com a descoberta da existência de um pensamento alheio à consciência, que opera à revelia do eu, Freud inevitavelmente se distanciava da filosofia da sua época. A filosofia, por sua vez, não poderia considerar lógico um pensamento não consciente.

Os outros médicos evitavam tratar da histeria, acusavam-na de simulação, falsidade. No “século das luzes”, o XVIII, os delírios e alucinações eram, respectivamente, distorções do pensamento e da percepção. O seu sujeito, portanto, demonstrava estar desajustado em relação à realidade. Freud era um estudante de neuroanatomia patológica quando visitou Salpetriére. Lá ele conheceu Charcot. Segundo o eminente psiquiatra, a histeria era uma neurose, ou seja, uma doença para a qual não havia correspondente orgânico no qual basear o entendimento dos seus sinais e sintomas . Freud também viu o emprego que Charcot dava à hipnose, para a eliminação dos sintomas através de sugestões.

Após retornar de Salpetriere, Freud tomou conhecimento do emprego que Joseph Breuer dava à hipnose: por meio dela, o terapeuta fazia o paciente voltar à história psíquica da própria doença, ou seja, aos fatos traumáticos, invariavelmente sexuais, que se alojaram no inconsciente.

Inicialmente, Freud considera que o trauma psíquico diz respeito a um abuso sexual real, sofrido pela paciente. Logo Freud descobre que tais cenas de abuso eram fantasias inconscientes . Os sintomas decorrentes dos afetos desconectados dessas fantasias, mas conectados a membros e órgãos, fazendo-os ficarem anestesiados, paralisados, etc, eram reais, diziam respeito a um outro pensamento, insistente.

Um grande sistema inconsciente começava a se fazer reconhecer, clivando a subjetividade. Freud o deduz a partir das falas das histéricas sob hipnose que, por força da resistência do próprio ego, não podiam vir à tona na vigília . O inconsciente também está presente nos atos involuntários cotidianos. Freud encontrará nos sonhos a principal via de acesso ao inconsciente. As imagens oníricas são as ideias que um dia foram retiradas da consciência.

Durante o sonho, as resistências se afrouxam, e as ideias retornam à percepção. No entanto, as resistências não estão inoperantes, e as ideias inconscientes apresentam-se, após terem passado pelo trabalho da elaboração onírica, que lhes impõe uma cifra. O relato de quem lembra de um sonho parece inteligível, e o é para proteger o sonhador do caráter ameaçador dos seus próprios desejos. A interpretação será sobre os enunciados do sonhador, que ocultam os desejos interditados.

Segundo PRADO JR , o capítulo VII de A Interpretação dos Sonhos traz uma mudança no estatuto lógico da teoria freudiana, em comparação com o apresentado no Projeto de 1895: a concepção de um aparelho psíquico dá lugar a uma prática original de interpretação do sentido dos sonhos, a partir do seu emaranhado de significações. A teoria freudiana subverte a objetividade das ciências modernas, pois a interpretação a precede. Os conceitos utilizados por Freud na leitura do psiquismo falam de um lugar mítico, são ficções teóricas elaboradas para dar inteligibilidade aos fenômenos com os quais ele se depara.

Portanto, a psicanálise não é uma ciência comum, baseada em uma descrição objetiva da realidade. A filosofia, por sua vez, após a crítica não só da possibilidade de fundamentar o conhecimento num sujeito unificado e idêntico a si mesmo, mas também dessa própria imagem do homem, acolhe a narrativa freudiana que afirma o homem como não mais o senhor em sua própria morada. Na filosofia, hoje, o inconsciente situa-se como uma categoria da subjetividade, ao lado da consciência, da identidade e da autonomia.

Eu gostaria de retomar Platão, especificamente nos diálogos Fedro e O Banquete, para ampliar minha leitura acerca do amor de transferência, e do seu manejo na clínica psicanalítica.
Em “A dinâmica da transferência”, Freud conta que todo ser humano tem um modo particular de conduzir sua vida amorosa. Isto resultaria de disposições inatas e de experiências infantis. Parte dos impulsos de alguém perfaz o desenvolvimento psíquico, ficando disponível à personalidade consciente. Outra parte desses impulsos, contudo, fica retida em alguma representação inconsciente, permanecendo separada da consciência e da realidade.

O bebê sente fome. A mãe lhe dá o seio, satisfazendo-o. A fome é um aumento de excitação interna, que causa desprazer. O mamar reduz essa excitação interna, é a sua perda, e isso leva ao prazer . A cessão do desprazer dá prazer. No inicio da vida, a criança busca a mãe, pois esta realiza a ação específica que a alivia do aumento da excitação interna. Para o eu se constituir, é preciso que se instaure certo distanciamento entre o bebê e a mãe .

Após as fases do desenvolvimento psicossexual, ocorrerão o que Lacan chamou de estádio de espelho: a criança olha o próprio corpo inteiro, no espelho, e olha o olhar da mãe sobre ela . A mãe nomeia a criança. A criança reconhece-se como um corpo íntegro, eu corporal. Não mais se refere a si mesma na terceira pessoa, como se fosse um objeto dentre outros, que lhe dão prazer, mas na primeira pessoa. Fala em nome próprio. O eu é formado pela identificação com a imagem de um próximo. É um se ver nele, não se confundir com ele.

O amor e o ódio, entre outros afetos, ocorrem nessa relação especular, onde se vê no próximo características apreciadas ou desgostadas, e que se busca ou se rejeita, de forma conscientemente justificada . Na clínica, a transferência é a condição de possibilidade da análise: o paciente tem sentimentos amigáveis em relação ao seu analista. Isto é o que o faz ir à análise, num primeiro momento. Seguindo a regra da associação livre, sob a qual o paciente deve dizer ao analista todos os pensamentos que lhe ocorrerem, procurando não se censurar, o paciente subitamente interrompe a fala. Sua fala percorreu a cadeia de representantes, dos conscientes aos inconscientes, e chegou ao núcleo da sua neurose, ou seja, uma fantasia investida de libido.

Freud diz que, na neurose, ocorre uma baixa de investimento libidinal em representações conscientes, e ligadas à realidade, e um aumento de investimento libidinal nas representações inconscientes, afastadas da realidade. A fantasia que porventura é tocada, na análise, aparece ao paciente como diretamente relacionada ao analista. É por isso que a fala é estancada. O paciente evita tomar consciência da fantasia, e procura atuá-la, o que significa que ele procurará realizar uma ação dirigida ao analista.

Esta é a transferência negativa, que não deve ser correspondida, nem conjurada, pelo analista, mas incentivada a falar . Aqui não estamos mais no campo do amor por identificação, de um eu para um outro, mas no da paixão, ocorrência totalmente estranha ao eu. Trata-se da ação da pulsão, que se situa fora do aparelho psíquico, em um interstício entre o orgânico e o psíquico, portanto, fora das possibilidades de representação. É como se houvesse no eu um buraco negro, impossível de ser iluminado, e que empurra alguém em direção a outro alguém, sem que ele possa explicar. Este movimento é dissolutor do eu, pois visa à refundição do eu com o Outro do qual um dia o eu se desprendeu, para justamente poder ser um eu .

Em O Banquete, Aristófanes proferiu um discurso em que se contava a existência de um terceiro tipo de ser humano, além do macho e da fêmea: o andrógino. Era um ser de forma esférica, dotado de quatro braços, quatro pernas, e de uma agilidade correspondente a isto. Possuía ele dois rostos, um virado para cada lado da esfera, e de cada lado também ficavam o genital masculino e o feminino. Dotado de grande inteligência, este ser congeminou um ataque aos deuses, subindo o Olimpo. Zeus castigou-o: o ser esférico foi cortado em duas metades. O local da cisão foi suturado por Apolo, tendo como nó o umbigo. Zeus virou o rosto de cada uma das metades para o lado do corte e da sutura. A punição se justificava porque os seres resultantes do corte deveriam ser mais ordenados, e não ousarem igualar-se aos deuses. A totalidade esférica não é para os humanos.


“Ora, como a forma natural fora cortada em dois, cada metade passou a sentir falta de sua outra metade, no desejo de reintegrá-la, e assim enlaçavam-se com seus braços, nesses amplexos, ansiando por serem unidos. (PLATÃO, O Banquete. p. 52 e 53).

O filósofo alemão contemporâneo Peter Sloterdijk identifica um Eros primário nessa origem mítica do desejo sexual. Um Eros secundário ocorre quando os seres que, ao se abraçarem, recusavam-se a comer e a novamente ficarem sozinhos, causando a sua morte, tiveram suas genitálias trazidas para o lado em que as metades haviam sido cortadas. A união das metades passou a permitir a reprodução sexuada, e durava o tempo do intercurso sexual. Com a perda da ereção masculina, desfazia-se o abraço , apenas para logo mais as metades ansiarem novamente a união.

No final de O Banquete, chega Alcibíades, embriagado. Faz um discurso elogioso a Sócrates. Um corajoso soldado, alguém moderado. Sócrates era admirável. O jovem Alcibíades tinha pretensões políticas. Foi ter com Sócrates, que procurou fazê-lo observar a si mesmo, se ele tinha o necessário para exercer esta função. Alcibíades certa vez propôs a Sócrates que viesse dormir em sua casa. Segundo o jovem, foi o mesmo que passar a noite com o pai ou o irmão. Sócrates resistia à beleza dele. No diálogo Alcibíades I, Sócrates diz amar o jovem por sua alma, não por sua beleza. O comportamento de Sócrates e as questões que levantava a Alcibíades eram uma proposta de namoro filosófico, ou seja, a admiração do corpo, ao vir acompanhada do auto-governo na fruição dos prazeres, permitia que ambos desenvolvessem a parte divina das suas almas, o intelecto.

A busca desregrada pelo prazer sexual, que inclui o feminino, que é o fraco e o não racional, no seu rol de interesses, em contraposição à busca pela força e pelo caráter, masculinos, que é a busca pelo Bem, foi o assunto do discurso de Pausãnias: há um Eros comum, relativo à Pandemos, uma Afrodite mais jovem, que “é o amor que vemos entre as pessoas vulgares, as quais, para começar, amam mulheres bem como rapazes. (PLATÃO, O Banquete. p. 31), e que leva à contemplação fortuita ora do bom, ora do seu oposto; e há um Eros celestial, oriundo da Afrodite chamada Urânia, destituída de desregramento, de atração pelo feminino, respondendo pela atração do homem pelos rapazes que exibem os primeiros pelos, junto dos primeiros sinais de inteligência, com quem ficarão, à livre vontade, por toda a vida.

A relação baseada na admiração pelo corpo e na entrega ao sexo encerra-se na busca pelas coisas que passam, e dá-se pela irreflexão do amante. Paixão é desmedida e insensatez . O apaixonado, quando governado pelo Eros comum, afasta-se da própria família e amigos, e obriga o amado a também afastar-se dos seus ; ele aparece onde quer que o amado esteja, e faz cenas de ciúmes, provocando o constrangimento deste; procura manter o amante afastado de pessoas ricas ou inteligentes, pois teme ser trocado por elas; afirma que sempre amará o seu querido, faz promessas que, finda a paixão, desconhece, não cumpre. Isto é o que consta no discurso de Lísias, lido por Fedro, a Sócrates, no diálogo platônico de mesmo nome.

Sócrates, em resposta, também discursa desfavoravelmente ao apaixonado. Contudo, Eros não pode ser mau. Eros é generoso com todos aqueles que dele participam, se o amante fizer o que Diotima, lembrada por Sócrates em O Banquete, recomendou: age corretamente o amante que, ao se apaixonar por um corpo em particular, e a respeito dele discursar, observar que aquela beleza é cognata à de qualquer outro corpo belo, sendo a beleza uma e a mesma; após isto, tornar-se-á um amante de todos os corpos belos, e menos um amante de um só corpo belo; em sequencia, dará mais valor à beleza das almas que a dos corpos, e discursará para a melhoria dos jovens; contemplará, então, o Belo nas ocupações, nas leis e, por fim, nos ramos dos conhecimentos, verificando que o Belo é um só, e afastando-se do amor servil a uma beleza em particular.

O amante deve progredir da contemplação dos belos particulares ao conhecimento do Belo em si. A beleza é, das virtudes divinas, a mais apreensível pelo olho humano. O intelecto, a maior parte dos homens apaixonados não o enxergam. Em Fedro, conta-se que toda a alma é como uma biga formada de cavalos alados e um auriga. Quando é chegada a ocasião do banquete, a alma dos deuses se conduz bem, subindo verticalmente, em marcha organizada e ininterrupta, guiada por Zeus, até a região localizada fora da abóbada celeste. Lá eles entram num fluxo que os leva a passear para contemplar as Formas, o que é. As almas humanas tentam acompanhar a ascensão dos deuses. A alma humana é formada por um cavalo de boa raça, elegante e disciplinado, e outro de má raça, bruto e indisciplinado, além do condutor, que é a razão.

A maioria das almas humanas não consegue subir muito, em direção ao banquete. Elas caem, espatifam-se, numa grande confusão que as faz perderem as asas. Certas almas, contudo, conseguem subir e vislumbrar, por um breve instante, o que está além da abóbada celeste. O cavalo mau, porém, torna a biga de difícil condução, e o auriga precisa olhar para ele, desviando-se do que o interessa mais. Logo esta biga também cai.

Quando estão encarnadas, as almas que não subiram muito serão de homens que se apaixonarão apenas pela beleza física. As almas que contemplaram ao menos um pouco das Formas, por sua vez, não perderam as asas, mas as têm secas e atrofiadas. Ao verem um rapaz belo, e por ele se apaixonam, rapidamente recordam-se do Belo. Neste momento, seus poros são irrigados e as asas voltam a crescer. Quando estão distantes do amado, as asas murcham, embora lutem para crescer, aguilhoando e causando terrível dor ao corpo, lembrando o amante que é urgente reencontrar o amado.

Diante do amado, o cavalo bom posta-se em reverência. Já o cavalo mau atira-se em direção ao jovem desejado, querendo entregar-se ao sexo. O auriga puxa-o violentamente, e ele ainda insiste, mas um segundo puxão o obriga a também ajoelhar-se e esperar a sua hora .
O amante admira a beleza do rapaz. A beleza deste flui como uma enxurrada para os olhos do amado, inundando-os e transbordando, também atingindo os olhos do amado, fazendo-o também se apaixonar.

A paixão é uma loucura que, se conduzida com arte, leva à melhoria dos envolvidos. Esta melhoria refere-se à alma deles. “Eles, os dois do par amoroso, melhoram e intensificam o cuidado um do outro, bem como a amizade recíproca, e isso irá capacitá-los a enxergar o que antes não viam.” (GHIRALDELLI JR., p. 48). A sabedoria não pode ser olhada diretamente. Então começa-se olhando a beleza. Os amantes trocarão carícias sexuais, mas respeitosamente.

Da mesma forma que o melhor espelho para um olho é a pupila, a parte virtuosa de outro olho, o melhor espelho para uma alma se conhecer é a parte virtuosa, o intelecto de outra alma. O jovem verá o auto-governo do amante, e o seu apreço por coisas mais permanentes que a beleza física dele mesmo, o amante: a formação do caráter deste, o cuidado com o próprio caráter, e a reflexão sobre o Belo e as demais virtudes divinas. O jovem estará vendo a alma intelectual do amado, e poderá, então, cuidar desta mesma parte, em sua própria alma. E a sua alma intelectual servirá ela mesma de espelho para a alma do amante, que agora também é amado.

A alma é imortal. Encarnada, ela adquire características oriundas das experiências que se tem, na terra. Estas experiências formam o indivíduo, o si mesmo (auton hekaston), que é uma identidade do tipo ipse, “eu sou eu”. Contudo, devido a alma também ser universal, ela tem uma identidade idem, “A=A”, uma mesmidade, que refere-se ao mesmo em si (auto to auto), que é o substancial. Quando a alma sai do corpo, após a morte deste, ela perde a identidade do si mesmo, e fica com o mesmo em si, que é universal e divino. É esse si mesmo que o filósofo busca conhecer .
Voltando à situação de análise, o analista aposta que o paciente capturado pela paixão conseguirá falar sobre a sua fantasia, conseguir fazê-la adentar nas associações conscientes. O paciente está arrebatado pela paixão, perdido de si mesmo. O amor cego ao analista, com a suposição de que ele sabe sobre meu sintoma, deve dar lugar à ignorância, amor à análise, amor ao saber do mesmo em si. A paixão não se esgota no plano do visível, do eu. Não é entendível por ele. A análise deve recolher pistas, fragmentos deixados pela passagem da pulsão pelo eu . Pequenos cacos de lembrança que permitam falar sobre algo relativo ao meu desejo. Quando eu finalmente voltar a mim - porque não se vive apaixonado, não se vive todo o tempo fora de si, e este tempo foi de análise - estarei diferente do eu que eu antes era.

Thiago Ricardo, psicanalista

Referências bibliográficas

PRADO JR., Bento. Hume, Freud, Skinner (em torno de um parágrafo de G. Deleuze). In: Alguns ensaios: filosofia, literatura, psicanálise. São Paulo: Paz e Terra, 2000.
COUTINHO JORGE, Marco A. e FERREIRA, Nadiá Paulo. Freud: criador da psicanálise. Rio de Janeiro: Zahar, 2002.
FREUD. Sigmund. A dinâmica da transferência. In. Obras Completas. Vol 10. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
Observações sobre o amor de transferência. In. Obras Completas. Vol 10. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.
GARCIA-ROZA, Luis Alfredo. Freud e o inconsciente. 2. ed. 25. reimpressão. Rio de Janeiro: Zahar, 2014.

GHIRALDELLI, Jr. Paulo. A aventura da filosofia. São Paulo: Manole, 2011.
Sócrates, pensador e educador: a filosofia do conhece-te a ti mesmo. São Paulo: Cortez, 2015.
PLATÃO. Fedro. São Paulo: Edipro, 2012.
O Banquete. São Paulo: Edipro, 2012.
SLOTERDIJK, Peter. Spheres. vol I, Bubbles: Microspherology. Los Angeles: Semiotext(e), 2011.
WINOGRAD, Monah. Genealogia do sujeito freudiano. Porto Alegre: Artmed, 1998.
VIEIRA, Marcus André. A paixão. Rio de Janeiro: Zahar, 2012.

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