terça-feira, 16 de fevereiro de 2016

Vamos para as próximas questões




Em um programa de TV que apresentava em 2013 e 2014, Ronnie Von respondia às dúvidas dos leitores. Um vídeo (https://www.youtube.com/watch?v=HdB0iJhWIQc) deste programa, que circulou bastante na internet e foi muito comentado, mostra Ronnie lendo a pergunta de um jovem: tenho 26 anos. Há uns dias estive numa festa, e conheci um outro rapaz. Desde então, não consigo tirá-lo da minha cabeça. Isso significa que sou gay? Ronnie Von simplesmente responde "significa".

A uma primeira vista, esperaríamos uma resposta mais longa, com uma explicação do porquê a situação descrita indica que o rapaz seja gay. E pareceria frio da parte do Ronnie que ele não tenha se alongado. Bem, essa explicação mais longa poderia ter sido dada. Mas Ronnie não viu razão para isso. Se pensarmos bem, realmente não era necessário explicar. Ou melhor, foi ótimo que Ronnie não tenha explicado. Muitas vezes utilizamos explicações e perguntas quando algo nos parece estranho, mal-colocado, ou seja, quando achamos que o que estamos prestes a dizer causará incômodo no ouvinte.

Há um tempo não tenho visto comentários na internet sobre como um jovem faz para "sair do armário" ou "contar aos pais que é gay". E tenho visto os casais cada vez mais à vontade, em espaços públicos. Talvez essas perguntas tenham perdido o sentido. O que poderia ser um segredo, se fosse algo que não causasse nenhum estranhamento? Nada. Então, suponho, os jovens de hoje não mais estão "contando esse segredo". E, se é assim, ser gay não mais é algo que causa espanto e exige grandes explicações, como as que um pai pedia com a pergunta "onde foi que eu errei?".

Ronnie Von tornou-se conhecido no Brasil no fim dos 60 e início dos anos 70. Era uma época em que muitos artistas mostravam visuais diferentes do comum e liberação comportamental, principalmente sexual. Ronnie apresentava-se com um visual andrógino. Contudo, há uma separação entre o vanguardismo dos artistas e o que a sociedade mostra, com o seu comportamento. A convivência cotidiana com os gays tem momentos de tolerância, intolerância, atração, repúdio, interesse e agressão.

Ronnie, mostrou, com sua resposta seca, que a preocupação com o ser ou não gay é velha e cansativa, e que não há mais motivo para hesitação ou escândalo.

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