segunda-feira, 15 de junho de 2015

O mundo bem legal das crianças


A criança nos tira da mesmice das nossas vidas. Queremos que ela aprenda o que temos para ensinar. Isso nos faz sentir que sabemos algo, e que sabemos nos comportar. Efetivamente, sabemos nos comportar, mas fazemos do "meu jeito", embora existam limites. Não percebemos este jeito, e nossas aspirações. Voltamos a experimentá-los na transmissão para a criança.

Ficamos, então, interessantes para nós mesmos, tanto quanto nos parece interessante alguém com uma ocupação ou uma origem "diferentes". Queremos saber! O comportamento diferente, por outro lado, nos cheira a desadaptação, fraco desempenho e insucesso. Rejeitamos.

Também queremos que elas descubram e nos apresentem novidades. O brilho dos olhos delas molha o nosso, e vemos as coisas como novas. O mundo acabou de surgir diante de mim, o que fazer? O que querer? Estas coisas, o mundo, o fazer e o querer ainda estão acontecendo. Não há só a mesmice de querer o pão diário e o vinho festivo. A criança come e comemora, ao mesmo tempo. Sobreviver vem junto do prazer. Depois os separamos, e o trabalho fica repetitivo.

Alguns profissionais precisam sempre que o novo se apresente para eles, ou dormem de vez e não vêem mais nada. Mas o quanto da novidade da criança suportamos, se temos necessidade de esinar o comportamento bem visto e técnico? E, em outra direção: como não mergulhar de vez no olhos da criança, se este mundo é tão feio, bobo e chato?

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