quarta-feira, 18 de junho de 2014

Provocação

Na época em que estavam quentes os protestos contra o Bolsonaro, mostraram no Congresso uma imagem dele com bigodinho de Hitler e braço levantado de saudação nazista. Ele disse não ser o Hitler. A brincadeira não o deixou chateado. Noutro dia vieram com uma foto dele de batom vermelho nos lábios. Aí ele não gostou, disse que tinha criação e que educava os filhos para não seguirem esse caminho. Que Bolsonaro é um Hitler, isso está na cabeça de todo mundo, até na dele mesmo. Ele deve ver Hitler como uma imagem que não contraria a que ele tem dele próprio. Na verdade, é como se fosse sua acentuação, o Bolsonaro levado ao máximo. Essa associação ele mesmo é capaz de fazer, embora não para rir, mas para se orgulhar. Que ele seja gay também passa pela cabeça das pessoas, mas é uma associação que inverte o sentido do Bolsonaro. Ele é gay, tem raiva disso e se esconde. Passam um batom que chama atenção para seus lábios. "Veja, os lábios que ordenam estão sensuais". Até: "os lábios que falam merda estão sensuais." Ele aceitaria que pensem que ele fala merda. Ser sensual, isso ele não quer, não quer que pensemos na sua boca em outra coisa que não para agredir. O batom na boca masculina é uma provocação. Primeiro te faz sentir um incômodo, faz reparar nos lábios envoltos de pelos. Depois, o batom faz virem pra fora ideias de que aquilo é ruim porque é para mulher, porque é coisa de gay, porque ele não está na idade, por isso, por aquilo, porque sim, que não explica nada e só está em busca de algo que faça parar de olhar a boca e imaginar como ficou a textura, o cheiro e o s
abor da pele.

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